Em uma pesquisa de Stamets, foi realizado um teste de mico-remediação no Departamento de Transportes do Estado de Washington (WSDOT) em Bellingham, Washington, onde operava um pátio de manutenção de caminhões durante 30 anos. O solo do local estava contaminado com diesel e óleo lubrificante em níveis aproximados de 2%, ou 20.000ppm de hidrocarbonetos aromáticos totais. Esta é aproximadamente a mesma concentração medida nas praias de Prince William Sound em 1989, após o Exxon Valdez derramar 11 milhões de galões de petróleo bruto. Em 1997 e 1998, o Departamento de Ecologia do Estado de Washington (DOE) concedeu ao Departamento de Transporte do Estado de Washington (WSDOT) uma excessão para permitir este experimento.
Em 1998, o WSDOT montou 4 pilhas de solo contaminado com óleo diesel, colocando-as sob 4 lonas de plástico preto de polietileno de 6 mm. Cada pilha media cerca de 0,90-1,20m de altura, 6 metros de comprimento e 2,5m de largura. Em uma das pilhas medindo cerca de 9 metros cúbicos, foi adicionado cerca de 2,75 metros cúbicos de semente de serragem com cultura pura de Pleurotus ostreatus. A semente foi adicionada em diversas camadas, fazendo um “sanduíche” com o solo para acelerar o desenvolvimento micelial.
Para as demais pilhas, 2 foram inoculadas com bacterias e 1 delas foi utilizada como controle. A pilha com micélio foi coberta com tecido de cobertura e as demais foram cobertas com lona de plástico preto para proteger da chuva. Após 4 semanas foi removido o plástico das 3 pilhas sem micélio e como resultado elas estavam negras, sem vida e fedendo à diesel/óleo. A media que o tecido foi removido da pilha miceliada, os espectadores ficaram perplexos com o resultado. Eles foram surpreendidos por um fluxo enorme de cogumelos Pleurotus numerando na casa das centenas, sendo alguns com mais de 30cm de diâmetro (Figura 1 e 2). Uma colheita desta magnitude somente pode ser vista em condições artificiais quando a suplementação so substrato é muito alta. A pilha, agora na cor marrom clara, não cheirava mais diesel e óleo. A partir da nona semana, plantas vasculares começaram a aparecer e florescer (Figura 3). Entre as semanas 4-9, os Pleurotus produziram, maturaram, esporularam e morreram em ciclos.
Figura 1. Pilha com solo contaminado por diesel sob ataque dos cogumelos
Figura 2. Alguns cogumelos ficaram com tamanhos de mamutes, devido à nutrição que encontraram nos derivados petroquímicos.
Figura 3. Próximo ao final do experimento, os cogumelos apodreceram e as plantas surgiram. A pilha regrediu, tornando-se um oásis de vida, enquanto as demais pilhas permaneceram sem vida.
A medida que os cogumelos estavam maturando e esporulando, eles atraíram insetos que banquetearam-se dos cogumelos e ovopositaram suas larvas. Logo após a eclosão das larvas os pássaros foram atraídos, trazendo sementes e transformando a pilha em um oásis de vida. Outras espécies de cogumelos surgiram a medida que a biosfera da pilha se modificou. Assim que os cogumelos apodreceram, bactérias e fungos predadores aproveitaram da situação para competir pelo substrato.
Segundo Stamets, um funcionário do WSDOT que operava uma carregadeira, era um coletor de cogumelos selvagens, reconheceu os cogumelos e ficou muito entusiasmado para come-lôs. A equipe do Stamets não permitiu que ele comesse, imaginando que os cogumelos poderiam conter químicos tóxicos, porém análises posteriores dos cogumelos demonstraram não haver nenhum resíduo de petróleo detectável (não foi realizada análise de metais pesados). Os sub-produtos primários do micélio são os cogumelos, dióxido de carbono e água. A massa física do substrato encolheu consideravelmente comparada com as demais pilhas. Os pesquisadores se sentiram como testemunhas de micomilagre: A vida estava florescendo sobre uma paisagem morta e tóxica.
Os pesquisadores de Battelle reportaram que os hidrocarbonetos totais de petróleo diminuíram de 20.000ppm para menos de 200ppm em 8 semanas, tornando o solo aceitável para paisagismo na autoestrada.
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